O título não engana: este é mais um dos muitos livros que agora se publicam sobre um dos principais assuntos do momento na actualidade internacional – a emergência da China e a alteração que esta vem imprimir ao equilíbrio geopolítico mundial, chegando mesmo a estar referenciada como a superpotência do século XXI.Embora uns mais realistas do que outros, todos os estudiosos da matéria falam dos surpreendentes números do crescimento económico, da sua demografia, das assimetrias campo/cidade, da exploração da mão-de-obra, do regime comunista que já só o é em alguns aspectos político-sociais, enfim, dos assuntos triviais quando o tema é a China actual.
Se Rampini, de facto, não foge à regra ao abordar todos estes pontos, não é menos verdade que há muito poucos escritores que o tenham feito de uma forma tão particular. Isto porque vai mais longe do que a maioria dos autores – no seio da sociedade chinesa, relata-nos pequenas histórias do dia-a-dia, que nos permitem contactar com variadas realidades a que somos alheios. De uma forma brilhante, encaixa essas histórias com tudo o que alguém minimamente informado sobre o contexto político-económico actual chinês deve saber.
Contudo, o maior mérito é conseguir tratar de um tema político sem ser minimamente maçador, pelo contrário. O fascínio que a sua escrita exerce sobre o leitor é tal que faz com que "O século chinês" mais pareça um romance daqueles que se devoram sem se dar conta. Por tudo isto, é um livro recomendável não só para os estudantes de Ciência Política e Relações Internacionais, mas também para todos os que se interessem sobre a actualidade política mundial.
RAMPINI, Federico, O Século Chinês, Lisboa, Editorial Presença, 2006
Mariana Mendes, aluno 2ºano CPRI
