O livro que escolhi foi "A Segurança da Europa Ocidental: uma arquitectura euro-atlântica multidimensional", de José Pedro de Sousa e Castro Teixeira Fernandes. Esta edição da Fundação Calouste Gulbenkian - Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2002, faz parte da série bibliográfica "Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas", série que se propõem ao estudo das "tendências tecnocráticas contemporâneas", onde se nota "o regresso ás fontes clássicas do saber" como forma de criar um "novo humanismo".
Neste livro, começa-se por afirmar que a segurança precisa de ser alargada para uma escala maior, com novas dimensões, e os Estados, como actores não westfalianos, as OIG´s em especial, serão os responsáveis pelas partilha das tarefas que estão associadas a essa realidade.
"É estabelecida a hipótese principal de que a arquitectura interna mais adequada à segurança da Europa Ocidental é Euro-Atlântica, centrada na UE e na NATO, dotada de uma concepção de segurança multidimensional e assente numa base europeia supranacional ou de união política original; e que a arquitectura Euro-Atlântica se deve articular com uma arquitectura externa mundial (ONU) e regional (OSCE), no âmbito de uma segurança menos estatocêntrica e mais humana."
Os Autores fazem "uma análise e avaliação crítica dos contributos das diversas correntes teóricas e das ameaças à segurança no mundo do pós-Guerra Fria, concluindo-se pela necessidade da substituição do tradicional conceito unidimensional (militar) por um novo conceito multidimensional (militar, económico, societal e ambiental)."Nesta obra também é feita a análise das principais OIG's , nas quais é materializado a arquitectura interna e externa da segurança, descrevem-se as suas caracteristicas, evolução e funções.
Quais as conclusões que se retiram da leitura desta obra? Primeiro que "a arquitectura Euro-Atlântica depende da arquitectura externa mundial (ONU), enquanto fonte de legitimidade do uso da força" e vai ser favorecida pela arquitectura externa regional (OSCE) no que toca ás dimensões não militares da segurança. Em segundo lugar conclui-se que a NATO tem de ser dotada de "uma concepção de segurança multidimensional
de facto, alargar a integração supranacional da UE á dimensão militar, ou transformá-la numa união política original".
Penso que é uma obra bastante interessante e pode ser uma mais valia numa pesquisa para um trabalho ou investigação, ou até mesmo como base de estudo para alguma cadeira de CPRI, nomeadamente na área de Relações Internacionais.
Boas férias e boas leituras.
Tânia Lucas Tomé